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O temido Ácido Lático

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Mensagem  cupertino Sáb Abr 16, 2011 9:55 pm

ÁCIDO LÁTICO


Para realizar quase todas as tarefas que nosso
corpo necessita para a nossa sobrevivência (funções biológicas), ou
para que possa realizar uma ação do nosso comando (movimentos e
exercícios), é necessário um gasto de energia para que isto aconteça.
Esta energia é proveniente de uma molécula chamada ATP (adenosina
trifosfato – uma molécula universal condutora de alta energia, fabricada
em todas as células vivas como um modo de capturar e armazenar energia.
Consiste de base púrica adenina e do açúcar de cinco carbonos ribose,
aos quais são adicionados, em arranja linear, três moléculas de
fosfato). À medida que o corpo vai realizando suas funções, o ATP é
degradado e, conseqüentemente, posteriormente, é restaurado por outra
fonte energética que pode ser proveniente da fosfocreatina (uma outra
molécula geradora de energia), das gorduras, dos carboidratos ou das
proteínas.

Conforme as necessidades energéticas vão avançando, o
corpo utiliza o pouco ATP que ele tem disponível para realizar suas
funções, a medida que o ATP acaba, é solicitado o uso da fosfocreatina
para ressintetizar o ATP, porém a fosfocreatina também é pouca em nosso
organismo. Então as necessidades energéticas continuam é o nosso
organismo solicita outro macronutriente para realizar a ressintese do
ATP. Entretanto, neste momento o nosso corpo precisa fazer uma escolha,
ele precisa determinar qual substrato energético utilizar: gordura, na
forma de triglicerídeos, ou carboidratos, na forma de glicose ou
glicogênio muscular. Essa escolha irá depender de dois fatores: (1) a
velocidade de ressintese do ATP; e (2) se há ou não a presença de
oxigênio durante o processo de transformação.

Na presença de
oxigênio e na pouca necessidade de solicitação deste macronutriente, o
organismo utilizaria a gordura para ressintetizar ATP, uma vez que a
gordura gera mais ATP que a glicose, e sua fonte é praticamente
ilimitada no nosso corpo, não levando-o ao risco de sofrer pela má
utilização deste substrato. Por outro lado, na necessidade de alta
velocidade de ressintese do ATP o organismo irá optar pela glicose ou
glicogênio hepático e muscular; como em exercícios extenuantes e muito
intensos. Isso também ocorreria na ausência de oxigênio durante o
processo de transformação para gerar energia, chamado de ciclo da
glicólise. Esse ciclo seria capaz de gerar energia suficiente para
ressintese do ATP, mas teria um efeito indesejável, a produção de ácido
lático (um subproduto "tóxico" gerado no decorrer do ciclo de ressintese
do ATP), que faria com que o exercício fosse interrompido minutos
depois pela instalação da fadiga muscular dos músculos ativos (músculos
exercitados).

O lactato não deve ser encarado como um produto de
desgaste metabólico. Pelo contrário, proporciona uma fonte valiosa de
energia química que se acumula como resultado do exercício intenso.
Quando se torna novamente disponível uma quantidade suficiente de
oxigênio durante a recuperação, ou quando o ritmo do exercício diminui,
NAD+ (coenzima NADH em sua forma oxidada) varre os hidrogênios ligados
ao lactato para subseqüente oxidação a fim de formar ATP. Os esqueletos
de carbono das moléculas de piruvato formados novamente a partir do
lactato durante o exercício serão oxidados para a obtenção de energia ou
serão sintetizados (transformados) para glicose (gliconeogênese) no
ciclo de Cori. O ciclo de Cori não serve apenas para remover o lactato,
mas o utiliza também para reabastecer as reservas de glicogênio
depletadas no exercício árduo.


Como ocorre a produção de Ácido Lático

Quando
a oxidação do lactato iguala sua produção, o nível sangüíneo de lactato
se mantém estável, apesar de um aumento na intensidade do exercício e
no consumo de oxigênio. Para as pessoas sadias, porém destreinadas, o
lactato sangüíneo começa a acumular-se e sobe de maneira exponencial
para aproximadamente 55% de sua capacidade máxima para o metabolismo
aeróbico. A explicação habitual para um acúmulo do lactato sangüíneo
durante o exercício pressupõe uma hipoxia (falta de oxigenação da
musculatura) tecidual relativo. Quando o metabolismo glicolítico
predomina, a produção de nicotinamida adenina dinucleotídio (NADH –
coenzima envolvida na transferência de energia) ultrapassa a capacidade
da célula de arremessar seus hidrogênios (elétrons) através da cadeia
respiratória, pois existe uma quantidade insuficiente de oxigênio ao
nível tecidual. O desequilíbrio na liberação de oxigênio e a subseqüente
oxidação fazem com que o piruvato (substrato final da degradação da
glicose; muito importante para a formação do lactato) possa aceitar o
excesso de hidrogênios, o que resulta em acúmulo de lactato.

O
lactato é formado continuamente durante o repouso e o exercício
moderado. As adaptações dentro dos músculos induzidas pelo treinamento
aeróbico permitem os altos ritmos de renovação do lactato; assim sendo, o
lactato acumula-se para os níveis mais altos de exercício que no estado
destreinado.

Outra explicação para o acúmulo de lactato durante
o exercício poderia incluir a tendência para a enzima desidrogenase
lática (LDH) nas fibras musculares de contração lenta favorecer a
conversão de lactato para piruvato. Portanto, o recrutamento das fibras
de contração rápida com o aumento da intensidade do exercício favorece a
formação de lactato, independentemente da oxigenação tecidual.

A
produção e o acúmulo de lactato são acelerados quando o exercício
torna-se mais intenso e as células musculares não conseguem atender às
demandas energéticas adicionais aerobicamente nem oxidar o lactato com o
mesmo ritmo de sua produção.


Como responde o organismo na presença do Ácido Lático

Depois
que o lactato é formado no músculo, se difunde rapidamente para o
espaço intersticial e para o sangue, para ser tamponado e removido do
local do metabolismo energético. Dessa forma, a glicólise continua
fornecendo energia anaeróbica para a ressíntese do ATP. Essa via para a
energia extra continua sendo temporária, pois os níveis sangüíneos e
musculares de lactato aumentam e a regeneração do ATP não consegue
acompanhar seu ritmo de utilização. A fadiga se instala de imediato e
diminui o desempenho nos exercícios. A maior acidez intracelular e
outras alterações medeiam a fadiga, pela inativação de várias enzimas na
transferência de energia e pela deterioração das propriedades
contráteis do músculo. Entretanto, a maior acidez (pH mais baixo) por si
só não explica a redução na capacidade de realizar exercícios durante
um esforço físico intenso.

No exercício extenuante, quando as
demandas energéticas ultrapassam tanto o suprimento de oxigênio quanto
seu ritmo de utilização, a cadeia respiratória não consegue processar
todo o hidrogênio ligado ao NADH. A liberação contínua de energia
anaeróbica na glicólise depende da disponibilidade de NAD+ para oxidar
3-fosfogliceraldeído (subproduto da degradação da glicose); caso
contrário, o ritmo rápido da glicólise "se esgota". Durante a glicólise
anaeróbia, NAD+ "é liberado" à medida que pares de hidrogênios
não-oxidatos "em excesso" se combinam temporariamente com o piruvato
para formar lactato. O acúmulo de lactato, e não apenas sua produção,
anuncia o início do metabolismo energético anaeróbio.

A
ressíntese dos fosfatos de alta energia (ATP) terá que prosseguir com um
ritmo rápido para que o exercício extenuante possa continuar. A energia
para fosforilar o ADP (resultado final do ATP depois de liberar
energia), durante o exercício intenso deriva principalmente do
glicogênio muscular armazenado através da glicólise anaeróbica (ritmo
máximo de transferência de energia igual a 45% daquele dos fosfatos de
alta energia), com a subseqüente formação de lactato. De certa forma, a
glicólise anaeróbica com formação de lactato poupa tempo. Torna possível
a formação rápida de ATP pela fosforilação ao nível do substrato, mesmo
quando o fornecimento de oxigênio continua sendo insuficiente e/ou
quando as demandas energéticas ultrapassam a capacidade do músculo para a
ressíntese aeróbica do ATP.

Os acúmulos rápidos e
significativos de lactato sangüíneo ocorrem durante o exercícios máximos
(extenuante) que dura entre 60 a 180 segundos. Uma redução na
intensidade desse exercício árduo para prolongar o período do exercício
acarreta uma redução correspondente tanto no ritmo de acúmulo quanto no
nível final de lactato sangüíneo.

No exercício extenuante com um
catabolismo elevado dos carboidratos, o glicogênio dentro dos tecidos
inativos pode tornar-se disponível para atender às necessidades do
músculo ativo. Essa renovação (turnover) ativa do glicogênio, através do
reservatório permutável de lactato muscular, progride à medida que os
tecidos inativos lançam lactato na circulação. O lactato proporciona um
precursor gliconeogênico capaz de sintetizar os carboidratos (através do
ciclo de Cori no fígado e nos rins) que irão permitir a homeostasia
(tendência do organismo em manter constantes as condições fisiológicas)
da glicose sangüínea e atender às demandas energéticas do exercício.

O
lactato produzido nas fibras musculares de contração rápida pode
circular para outras fibras de contração rápida ou de contração lenta
para ser transformado em piruvato. Por sua vez, o piruvato é
transformado em acetil-CoA para penetrar no ciclo do ácido cítrico para o
metabolismo energético aeróbico. Esse lançamento do lactato entre
diferentes células faz com que a glicogenólise (conversão de glicogênio
em glicose) que ocorre em uma célula possa suprir outras células com
combustível para a oxidação. Isso torna o músculo não apenas o principal
local de produção do lactato, mas também um tecido primário para a
remoção do lactato através da oxidação. Qualquer lactato formado em uma
parte de um músculo ativo acaba sendo oxidado rapidamente pelas fibras
musculares com uma alta capacidade oxidativa (coração e outras fibras do
mesmo músculo, ou dos músculos vizinhos menos ativos).


O que acontece com o ácido lático e como é o processo de sua remoção.

O
ácido lático é removido do sangue e dos músculos durante a recuperação
após um exercício exaustivo. Em geral, são necessários 25 minutos de
repouso-recuperação para remover a metade do ácido lático acumulado.

A
fadiga surge após os exercícios nos quais se acumularam quantidades
máximas de ácido láctico, a recuperação plena implica remoção desse
ácido tanto do sangue quanto dos músculos esqueléticos que estiveram
ativos durante o período precedente de exercícios.

Em geral,
pode-se dizer que são necessários 25 minutos de repouso-recuperação após
um exercício máximo para se processar a remoção de metade do ácido
lático acumulado. Isso significa que cerca de 95% do ácido lático serão
removidos em 1 hora e 15 minutos de repouso-recuperação, após um
exercício máximo.

O termo repouso-recuperação se dá pelo fato
que o ácido lático é mais velozmente removido se a recuperação ativa em
baixa intensidade for empregada após o exercício, do que se o indivíduo
permanecer em repouso (inativo) logo após o exercício.

Durante
um exercício submáximo, porém árduo, no qual o acúmulo de ácido lático
não é tão grande, será necessário menos tempo para sua remoção durante a
recuperação.

Em condições aeróbicas, o ritmo de remoção do
lactato por outros tecidos corresponde a seu ritmo de formação,
resultando na ausência de qualquer acúmulo efetivo de lactato, isto é, a
concentração sangüínea de lactato se mantém estável. Somente quando a
remoção não mantém paralelismo com a produção, o lactato acumula-se no
sangue.

Existem quatro destinos possíveis para o ácido lático:

-
Excreção na Urina e no Suor – Sabe-se que o ácido lático é excretado na
urina e no suor. Entretanto, a quantidade de acido lático assim
removida durante a recuperação após um exercício é negligenciável.

-
Conversão em Glicose e/ou Glicogênio – Já que o ácido lático é um
produto da desintegração dos carboidratos (glicose e glicogênio), pode
ser transformado de novo em qualquer um desses compostos no fígado
(glicogênio e glicose hepáticos) e nos músculos (glicogênio muscular),
na presença de energia ATP necessária. Contudo, e como já dissemos, a
ressíntese do glicogênio nos músculos e no fígado é extremamente lenta,
quando comparada com a remoção do ácido lático. Além disso, a magnitude
das alterações nos níveis sanguíneos de glicose durante a recuperação
também é mínima. Portanto, a conversão do ácido lático em glicose e
glicogênio é responsável apenas por uma pequena fração do ácido lático
total removido.

- Conversão em Proteína – Os carboidratos,
incluindo o ácido lático, podem ser convertidos quimicamente em proteína
dentro do corpo. Entretanto, também foi demonstrado nos estudos que
apenas uma quantidade relativamente pequena de ácido lático é
transformada em proteína durante o período imediato de recuperação após
um exercício.

- Oxidação/Conversão em CO2 e H2O – O ácido lático
pode ser usado como combustível metabólico para o sistema do oxigênio,
predominantemente pelo músculo esquelético, porém o músculo cardíaco, o
cérebro, o fígado e o rim também são capazes dessa função. Na presença
de oxigênio, o ácido lático é transformado, primeiro, em ácido pirúvico
e, a seguir, em CO2 e H2O no ciclo de Krebs e no sistema de transporte
de elétrons, respectivamente. É evidente que o ATP é ressintetizado em
reações acopladas no sistema de transporte de elétrons.

O uso de
ácido lático como combustível metabólico para o sistema aeróbico é
responsável pela maior parte do ácido lático removido durante a
recuperação após um exercício intenso.

É razoável suspeitar de
que pelo menos parte da demanda de oxigênio e da energia ATP associada
com a remoção do ácido lático é fornecida pelo oxigênio consumido
durante a fase de recuperação lenta (intensidade de trabalho abaixo de
60% do VO2máx.).


Como podemos lidar com o ácido lático e o que fazer para sustentar a intensidade do exercício na presença dele.

A
capacidade de gerar altos níveis sangüíneos de lactato durante o
exercício máximo aumenta com o treinamento anaeróbio específico de
velocidade-potência e, subseqüentemente, diminui com o destreinamento.

A
manutenção de um baixo nível de lactato conserva também as reservas de
glicogênio, o que permite prolongar a duração de um esforço aeróbico de
alta intensidade.

Foi observado em pesquisas que, a elevação dos
níveis de lactato observada nos indivíduos treinados quando exercitados
agudamente foi significativamente menor que a observada nos
sedentários. Tais resultados reproduzem os achados clássicos descritos
na literatura, o que nos permite avaliar como eficazes, tanto na
intensidade do exercício agudo na determinação de modificações no
metabolismo energético, quanto o protocolo de treinamento físico na
produção de adaptações orgânicas. Em outras palavras, treinar para
aumentar o limiar anaeróbico.


Referências Bibliográficas


FOSS, M.L.; KETEYIAN, S.J. Bases Fisiológicas do Exercício e do Esporte. 6ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000.

MCARDLE,
William D. et al. Fisiologia do Exercício - Energia, Nutrição e
Desempenho Humano. 5.ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2001.


Por
Raphael Lorete
CREF 9576-G/RJ
Graduado em Educação Física
Pós-Graduado em Musculação e Personal Trainner


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