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Idiotas bombados a óleo

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Mensagem  cupertino Dom Nov 06, 2011 7:45 am

POR: Waldemar Guimarães

Até pouco tempo, podíamos ouvir que o atleta tal é drug free (natural) ou seja, que não fazia uso de esteróides anabólicos ou outras substâncias hormonais, como GH e insulina, para ficar gigante. Hoje este conceito está cada vez mais banalizado no mundo do fisiculturismo com a vasta e incontrolável utilização dos hormônios. O termo que se passou a ouvir é que o atleta é Synthol Free.

Em um esporte que já sofre preconceitos pelo claro abuso de drogas anabólicas, para completar, tornou-se mais bizarro pela atitude indiscriminada de alguns atletas, que começaram a apelar para o uso de drogas a base de óleos para inflar os músculos (Synthol, Esiclene).

Tudo iniciou com o uso de um esteróide muito fraco, produzido na Itália, com o nome de nome Esiclene. Logo, atletas observaram que a droga causava muito inchaço local, sendo que pela lógica do atleta: Se o inchaço ocorre no meu glúteo, que este seja então no bíceps (a não ser que se trate de concurso Popozudo do Ano). Hoje, na América e na Europa encontram-se os “inocentes” Pump n’ Pose, anunciados em algumas revistas especializadas e pela internet, como se fossem óleos para passar na pele. Mas todo mundo sabe que a real utilidade é injetá-los pelo corpo inteiro com aplicações profundas, geralmente no ventre muscular. Os principais locais de aplicação são as regiões em que o atleta se acha mais deficitário.

Definitivamente, muita gente grande andando por ai não tem seus músculos totalmente constituídos à base de proteína

Por aqui, na terra tupiniquim, usam-se os tais de Estigor e ADE. Na verdade, são medicações veterinárias, com compostos vitamínicos diluídos em óleos de alta viscosidade, que muita gente está utilizando para inflar os músculos e temporariamente produzir inchaço por inflamação e consecutivo aumento das medidas. Vale lembrar que nestas substâncias existem vitaminas e que o seu uso em excesso pode provocar sintomas de hipervitaminose.

Bem, se o objetivo é realmente cosmético, poderíamos comparar esta prática com implantes de silicone ou implantes penianos infláveis. Há indivíduos que não suportam observar o músculo intumescido voltando para o estado anterior e dá-lhe óleo sucessivamente, já que o grande efeito se mantém pelo período de no máximo 5 dias após a última aplicação. Este é o caso da utilização do Esiclene e da aplicação localizada de outros esteróides de base oleosa. Já o tal de Synthol ou Muscle Shed (a versão inglesa) é baseado em um óleo de maior densidade, o MCT (triglicerídeo de cadeia média).

Vale lembrar aos loucos de plantão, que este é um tipo farmacológico esterilizado de MCT que não é encontrado em lojas de suplementos normalmente utilizados em dietas cetogênicas. Pela característica do óleo e outras misturas, a permanência do efeito é bem maior e pode durar anos. Dê fato, o óleo se mistura às fibras musculares, dando maior volume e até definição muscular. Agora, imaginem uma substância estranha ao corpo humano permanecendo no sistema durante anos. Se em implantes de silicone, feitos em clínicas especializadas e que possuem revestimento, já ocorrem reações adversas, imaginem nos problemas a curto e longo prazo que os óleos de fabricação obscura para aplicação caseira podem acarretar?

De fato, estas injeções localizadas causam melhor efeito cosmético em grupos musculares menores como bíceps, tríceps e panturrilha. Em grupos maiores e mais longos, como nos músculos da perna, poderão formar ridículos calombos localizados ou uma série deles, se houverem diversas aplicações, gerando uma anatomia totalmente disforme. Alguns fisiculturistas, ou entusiastas, preferem valorizar uma determinada região muscular, como os braços por exemplo, e injetam óleo somente nesta parte criando, assim, uma grande desproporção de desenvolvimento com as outras partes do corpo, o que para um atleta competitivo certamente custará alguns pontos. Observem que atletas como Ernie Taylor e Graig Kovacs nunca ganham competições profissionais. Em competições amadoras, talvez existam alguns indivíduos portando troféu porque nem todos os juízes são instruídos. Por outro lado, há usuários de drogas localizadas que conseguem impressionar juízes mal informados ou alguma menina mais idiota.

Agora, imaginem o fígado processando todo esse óleo, ou a possibilidade desse ser aplicado em um vaso sanguíneo e causar uma embolia, como em Milos Sarcev, que por pouco não foi a óbito. Portanto, se for impossível evitar que alguém adote esta medida extrema, que faça a correta assepsia e puxe o êmbolo da seringa para verificar se não vem sangue junto; se vier, aplique em outro local e repita a operação. Isto poderá salvar algumas vidas. Ocorrências como hematomas e fibroses são também muito comuns. Existe um ex-fisiculturista amigo meu que teve os bíceps deformados pelas aplicações locais de várias substâncias e hoje parecem duros como rocha, sem possuírem mais capacidade de contração tal foi a quantidade e a mistura de drogas aplicada.

Certa vez, há alguns anos, na Inglaterra, eu e um fisiculturista profissional, com o qual treinava na época, estivemos em um laboratório clandestino de produção de óleo para fisiculturistas. Misturava-se, num mesmo frasco ,Formebolone, Sustanom, óleo MCT e Winstrol para diminuir a viscosidade (dentre outras, as drogas de base aquosa são as mais susceptíveis à contaminação). O dono do “empreendimento” estava orgulhoso porque tudo era produzido em perfeitas condições de higiene. Realmente, os dois funcionários que trabalhavam na produção vestiam aventais, luvas, máscaras e gorro. Mas para nossa surpresa, a porta de vidro foi repentinamente aberta pelo “empresário” que nos convidou para inspecionar de perto a produção. Lá estávamos nós, sem qualquer proteção, respirando todas as nossas bactérias em cima daquelas substâncias.

Meses após, o mesmo atleta que me acompanhava, estava sofrendo de grave infecção na região tricipital onde aplicara o maravilhoso óleo.
Vejam, apenas me sinto no direito e principalmente na obrigação de alertar.

Camaradas, conheci fisiculturistas que fazem mais do que 30 aplicações localizadas com vários mls. cada antes de um show, não antes de administrar morfina para suportar a dor de tamanha obsessão. Vejam, que aplicações localizadas são muito dolorosas e de alto risco. Apesar que algumas conterem anestésicos como a lidocaína, os usuários são unânimes em afirmar que não adianta coisa nenhuma. A única vez em que apliquei formebolone em minhas panturrilhas fiquei andando como robô por três dias. I am synthol free, a coward for the insanes, maybe. Os insistentes afirmam que a dor vai sendo mais tolerável com o passar das aplicações. Outra ocorrência muito comum são os abscessos; já perceberam a pele de vários “atletas” com cicatrizes causadas por abscesso? É como se fosse uma marca de vacina em forma de um pequeno sol. Estas marcas muitas vezes são visíveis pelo corpo inteiro. Observem fotos do alemão Marcus Rühl e saberão exatamente do que estou falando.

Quem acompanha o meu trabalho sabe exatamente que não uso de hipocrisia ou pensamentos puristas, mas definitivamente isto não é fisiculturismo; injeções localizadas não podem ser substitutos de um treino árduo e ótima alimentação. Os efeitos de injeções localizadas são ridiculamente visíveis; se você estiver neste esporte se fiando totalmente neste método, deveria na verdade cair fora a arrumar um emprego decente ou estudar.

Da mesma forma que a IFBB adotou teste para tentar eliminar o uso de diuréticos após a morte de Mohamed Benaziza, e despontuação para extrema definição (Deus guarde em bom lugar Andreas Munser), deveria tomar providências, também, quanto ao abuso destes óleos que vem se tornando uma prática de grande risco para a saúde e a vida dos atletas. Sem contar que já tenho saudades de peitorais grandes a planos como Franco Columbo, bíceps ponteagudos como os de Arnold Schwarzenegger, tríceps bem formados como os de Rob Robson. Muitos profissionais atuais parecem ter físicos muito iguais, com músculos muito arredondados e desenvolvimento descomunal de grupos pequenos, que pela anatomia e característica do músculo, jamais poderiam alcançar tamanho desenvolvimento, nem com todos os anabolizantes disponíveis.

Como atletas de alto nível servem como exemplo para os jovens, em minhas viagens pelo Brasil observei vários “falso fortes”, na maioria pós-adolescentes que sequer competem, mas que possuem o bracinho com mais de 50 cm de puro óleo; são verdadeiras latas de óleo ambulantes. Existem atletas que sequer se aquecem da forma tradicional: o aquecimento é à agulha uma ou duas horas antes do bizarro show. Na verdade, mesmo alguns atletas mais sensatos estão se vendo na obrigação de injetar aqui e ali para competir em pé de igualdade com os outros. O pensamento comum é: se todo mundo está usando, vou usar também.

Companheiros, sensatez e cuidado são as melhores palavras.

Retirado do Livro Musculação Além do Anabolismo
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