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Intensidade ou Insanidade? - 2ª Parte

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Intensidade ou Insanidade? - 2ª Parte Empty Intensidade ou Insanidade? - 2ª Parte

Mensagem  cupertino Sáb Abr 16, 2011 10:09 pm

Quando Michalik treinava, as chamas do inferno ardiam em seus olhos. O
homem era um animal. Eu vivi cada despertar antecipando os treinamentos
de esfolar o rabo que viriam ao longo do dia, desejando saber como
inferno eu poderia superá-los. Eu vivia uma citação de Friedrich
Nietzsche: "O que não me mata apenas me torna mais forte".



Sobrevivendo Aos Treinamentos

A
chave era entender o modo como sobreviver e até mesmo como prosperar e
crescer nestes treinamentos. De início não era fácil, mas eu estava
determinado a não desistir. Eu queria vencer o U.S.A. e conquistar uma
página no livro dos recordes. O que me importava não era estar em forma.
Eu queria é ser o melhor. Se você quer ser um campeão você tem que
fazer sacrifícios. Michalik não era apenas um campeão, ele era o Vince
Lombardi do bodybuilding. Vencer a qualquer preço. Vencer significava
tudo. Ele sempre dizia, "Treine além da dor... e a morte será sua única
recompensa"!

Era um dia quente e ensolarado do verão de 1979 e
nós há pouco havíamos concluído um brutal treinamento de perna de 55
séries. Sim, é isso mesmo, 55 séries. Hoje em dia isso pode soar idiota e
você poderia pensar que era overtraining, mas aos 20 anos de idade, eu
exibia coxas de 72 cm rasgadas até os ossos. Coxas grandes, espessas,
musculosas numa época em que Bill Phillips provavelmente nem mesmo
conseguia pronunciar a palavra "creatina" e muito antes que eu tivesse
ouvido pela primeira vez o termo "hormônio do crescimento". É de fazer
pensar a respeito de treinar duro na atual era do IGF-1, insulina e
hormônio do crescimento.

De qualquer modo, o monstruoso Steve
Michalik me convidou para pegar alguns raios na praia em preparação para
o U.S.A. que estava por vir. A caminho da praia eu continuei
perguntando para Michalik o que seria necessário para mim para vencer o
U.S.A. . O que eu teria que fazer e quais sacrifícios teriam que ser
feitos além daqueles que eu já estava fazendo?
Steve estava quieto.

Ele
simplesmente continuava olhando através do para-brisa, mas recusava-se
murmurar qualquer palavra. Pouco tempo depois nós chegamos a Jones
Beach, colocamos nossas toalhas na areia, e nos dirigimos para a água.
Quando nós estávamos longe o bastante para a água cobrir minha cabeça, o
Steve me agarrou e agressivamente me empurrou para baixo da rebentação.
Eu consegui emergir por um momento. Eu engasguei, tossi, e fui
empurrado novamente para baixo.

Michalik me permitiria surgir
para um breve fôlego, e então procedia me empurrando novamente e
novamente para baixo. Eu chutava e lutava freneticamente até que
finalmente eu fiquei fraco e com o corpo mole. Michalik me arrastou da
água e me lançou na praia. Conforme eu cuspia água e tentava recobrar a
respiração, ele começou a gritar como um louco. "Me diga o que você
sentia ao tomar um fôlego... quão ferozmente você desejava cada pequeno
sopro de ar?! Quando você desejar vencer tão ferozmente quanto você
desejava cada fôlego de ar, então volte para me ver. Isso é o que levará
você a ser o melhor!"

Aquele dia marcou um hiato que durou pelos
próximos três anos: Michalik como o mentor exigente, e eu como o saco
de pancada dependurado. Dia após dia e semana após semana eu comecei a
crescer maior e melhor. Os treinamentos eram inacreditáveis. Michalik me
ensinou mais do que a dureza dos treinamentos; ele instilou em mim um
desejo de vencer que era quase sobrenatural.

Vivendo nos anos 70

Eu
vivia para treinar. Comia, dormia e eu trabalhava o bastante para
dispor de todos os luxos da vida que consistiam em um Chevy Vega 1972
sem para-choque dianteiro, um estoque infinito de frango, uma kitinete
num porão com um colchão no chão, e um armário cheio de vitaminas. Mas
agora olhando para trás, eu percebo perfeitamente o significado da
frase, "mais feliz que um porco na merda". Meu estilo de vida teria sido
de miséria para a maioria, mas para mim, eu estava no topo do mundo. Eu
estava fazendo o que eu queria fazer e eu estava subindo muito e
rapidamente para minha meta.



Não importava se eu
estivesse despertando às 5:00 da manhã para comer claras de ovos ovo de
forma que eu pudesse estar no ginásio às 6:30, e não importava que eu
fosse arrastado através da última metade do treinamento como o gladiador
na cena das bigas do " Ben Hur ". O que importava era o fato que eu
estava treinando com o Mr. América e que embora ele estivesse
fisicamente e mentalmente arrancando a merda viva de dentro de mim dia
após dia, eu estava melhorando dramaticamente.

Meus bíceps de 45
cm estavam agora com bem mais de 50 cm e seus picos estavam ficando mais
altos a cada hora. Halteres que uma vez eu tinha usado para pesados
desenvolvimentos inclinados eram agora meus pesos de aquecimento para
exercícios como roscas com halteres e elevações laterais. O treinamento
"Intensidade ou Insanidade" era uma rotina, igual ao café da manhã. Toda
vez que alguém nos dizia que nós não poderíamos fazer algo, isso nos
inspirava a tentar isto de qualquer maneira. 50 pesadas séries de rosca
direta?

Bem ali... 30 séries de agachamentos... 225 kg de supino
inclinado... Roscas com halteres de 45 kg... Elevações laterais com
halteres de 40 kg... Treinamentos de dorsais de 60 séries. Nossas vidas
poderiam ter sido caracterizadas pela famosa citação feita por Walter
Gagehot, "Um grande prazer na vida está em fazer o que as outras pessoas
dizem que você não pode fazer".

Foi mais ou menos nessa época
que meus pais perceberam que eu estava possuído por Michalik. Eles o
desprezavam por ter me transformado em uma máquina viva de comer,
respirar e treinar. Eles tentaram me manter distante, mas já era muito
tarde. Tão logo eu percebi que estas longas e árduas sessões de
treinamento eram a chave para o meu progresso, não havia nada na Terra
que poderia ter me mantido longe do ginásio.

Ah, o ginásio. O
ginásio de Michalik. Nada de aulas de aeróbica. Nenhum equipamento
cárdio. Nenhuma sauna, ou piscina. Nada de quadras de squash! Apenas as
enormes e pesadas máquinas de aço negro, e os bancos com estofamento
vermelho para fazer-nos lembrar das antigas câmaras de tortura. Quando
você viesse ao Mr. América´s Gym para treinar, havia só um modo, uma só
velocidade: muito árduo e muito rapidamente.

O Ginásio

A
fachada e a calçada diante da porta da frente eram escovadas várias
vezes por dia para lavar cafés da manhã perdidos e os almoços jogados
fora. Este lugar era a Mecca do Fisiculturismo Hardcore, um santuário
para torcer os intestinos e treinamentos de estourar as bolas. Nenhuma
fita de exercícios do Tony Little era encontrada nestas premissas. Se
você não treinasse duro, a porta de saída seria mostrada para você, ou
eu deveria dizer, você seria lançado para fora através da porta dos
fundos. Medalhas eram conquistadas por quantos treinamentos brutais você
poderia suportar e você só era tão "durão" quanto seu último
treinamento. Você não era respeitado tanto por como você parecia, mas
por quão duro você pudesse treinar.

Steve não tolerava nenhuma
vacilada. Um dia um sujeito com E.D.E. (Expansão Dorsal Exagerada)
entrou para um treinamento e Steve o parou e lhe falou que ele estava
com três meses de atraso na mensalidade. O sujeito disse, "Pódi crê! que
seja... Eu trago o dinheiro da próxima vez," e então começou a treinar.
O Steve vasculhou no fundo da gaveta de sua escrivaninha, tirou um
martelo, e caminhou em direção à porta da frente.

Rapaz... ! – pensei eu. Essa vai ser boa... ! Eu tenho que ver isso...

Conforme
eu caminhava até a porta de entrada do ginásio, eu vi o Steve caminhar
para cima do Corvete do sujeito e detonar com seus faróis. Ao mesmo
tempo em que o sujeito vinha saindo do ginásio, Steve começou a golpear
as janelas do lado do passageiro. O sujeito estava gritando
freneticamente, "Pare! Alguém chame a polícia. Que inferno você está
fazendo com o meu carro?" o Steve simplesmente o olhou sem cerimônia e
disse: "Está tudo certo agora. Nós estamos quites. Você já pode ir
treinar ".



Conforme eu olho para trás, eu percebo que eu
estava vivendo em um ambiente muito corrupto. Minhas atitudes e minha
moral estavam distorcidas por causa das filosofias de Steve. Comprar 15
kg de frango para suprir minhas necessidades de proteína era mais
importante do que pagar o aluguel do apartamento.

Era muito mais
importante estar na hora certa para o treinamento do que estar na hora
certa para o trabalho. Se alguém treinasse conosco e acabasse no
hospital (o que foi o caso em várias ocasiões), nós sequer apareceríamos
para uma visita, e ao invés, nós o desdenharíamos como alguém
mentalmente e fisicamente fraco.

Conforme eu me sento aqui e
penso sobre o passado, eu tenho algo a acrescentar àquela citação de
Friedrich Nietzsche "O que não o mata apenas o torna mais forte". E mais
ainda, se o matar, então você não deveria nem mesmo ter começado a
treinar conosco.


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cupertino
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